Estratégia ou não, a suposta “indecisão” de Rosinha Garotinho em aceitar disputar campanhas eleitorais não é novidade. Foi assim em 2002, quando seu marido Anthony Garotinho renunciou ao Governo do Estado para disputar a presidência da República. A ex-primeira dama relutou em aceitar o convite do PSB, seu partido na ocasião, mas seu nome já aparecia entre os aliados antes mesmo de Garotinho deixar o cargo. O mesmo aconteceu em 2008, quando disse que não queria concorrer, mas acabou convencida.
Em dezembro de 2001, o PSB começou a trabalhar o nome de Rosinha, que era secretária de Ação Social e Cidadania, mas não tinha experiência administrativa. No mês seguinte, o presidente regional do PSB, Alexandre Cardoso, afirmou que Rosinha era o nome mais forte do partido para disputar a sucessão. Nesse momento, Garotinho dizia discordar, mas uma comissão do PSB - criada para analisar o quadro sucessório – lançou o nome de Rosinha. No decorrer do tempo, outros pré-candidatos co-mo os então secretários estaduais Tito Ryff e Fernando Lopes , os deputados Noel de Carvalho e Paulo Baltazar e o ex-prefeito do Rio Luiz Paulo Conde desistiram das candidaturas em apoio a Rosinha.
Ainda em janeiro, numa viagem a França, Portugal e Espanha, Garotinho – já demonstrando entusiasmo com a possível candidatura - disse que achava que convenceria sua mulher, mas que Rosinha parecia que diria não, por temer problemas para conciliar duas campanhas – Garotinho à presidência - com os cuidados da família.
Porém, no final de fevereiro de 2002, durante inauguração de obras em Porciúncula, ela aceitou o convite, justificando ser esse seu dever. Com a esposa, Garotinho teve um palanque forte no Rio já que sua su-cessora, a vice-governadora Benedita da Silva, do PT, fez campanha para Lula.
Para a prefeitura de Campos, seis anos mais tarde, o processo foi semelhante: Com alta rejeição ao nome de Garotinho, já no PMDB, e duas derrotas consecutivas do grupo político na tentativa de reconquistar o espaço onde tudo começou, o nome de Rosinha apareceu como o de mais fácil aceitação. Mas, de novo, ela pareceu resistir, até que, em 13 de junho, durante reunião do partido foi anunciada a pré-candidatura da ex-governadora.
Defesa rebate versão de especialista
O procurador geral do município Franciso de Assis Pessanha Filho, revelou a versão do advogado da prefeita Rosinha Garotinho (PR), Jonas Lopes de Carvalho Neto, sobre as possíveis causas que teriam levado a prefeita a desistir, apontadas por Paulo Vizela, especialista em direito eleitoral, que disse: “Não existe desistência. A prefeita está inelegível. Onde está a liberação da Rosinha na AIME? A condenação dela no TRE depende de uma AI que se encontra com o Ministro Marcelo Ribeiro para decisão e conta com parecer contrário da Procuradoria Geral Eleitoral”. Segundo Jonas Neto: “A prefeita Rosinha tem suas contas aprovadas e se mantém elegível. Na Justiça Eleitoral, ela tem duas ações sobre o pleito de 2008. Uma delas, a Aije, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE,) já anulou e mandou descer ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Quanto à Aime, esta continua no TSE, mas com liminar assegurando efeito suspensivo. Tanto está suspensa, que se a eleição fosse hoje, o registro dela estaria deferido plenamente, sem que houvesse nada que pudesse impedir sua candidatura”.
Em relação à Ação de Investigação Judicial Eleitoral, o TSE mandou que ação voltasse à sua origem, a 100ª Zona Eleitoral de Campos. Essa supressão de instância, depois que o TRE também chegou a condená-la, sem que a 100ª ZE tivesse se pronunciado, foi justamente o argumento da defesa para anular a condenação no TSE. Ocorre que, depois de tudo começar de novo, como sua defesa queria e o TSE determinou, Rosinha foi novamente condenada, em decisão da primeira instância, que embora não valha para o Ficha Limpa por ser monocrática, tem seu recurso também aguardando novo julgamento do mesmo TRE que a condenou na mesma Aije. (A.A.B.)
Fonte: Folha da Manha
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