Durante a sessão de CPI na última terça-feira (22/05), o bicheiro Carlos Augusto Cachoeira não respondeu a nenhuma pergunta dos parlamentares e apenas repetiu que usaria o direito constitucional de ficar calado e que ficaria calado. No único momento que falou algo além destas frases, Cachoeira disse que foi orientado pelos seus advogados, um deles é o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, a só falar depois de depor à Justiça.
Bastante irritados com a postura do contraventor, deputados e senadores fizeram perguntas sobre as relações da rede do bicheiro com a Delta nacional e com o governador de Goiás, Marconi Perillo. Cachoeira não respondeu nem à pergunta sobre como vem sendo tratado na penitenciária da Papuda, em Brasília, onde está preso sob acusação de envolvimento em jogo ilegal e por ter montado um esquema de corrupção envolvendo políticos.
Logo que foi chamado a depor pelo presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB), Cachoeira disse que ficaria calado.
“Estou aqui como manda a lei, mas não falarei nada. Constitucionalmente, fui advertido pelos meus advogados para não falar nada e não falarei nada aqui. Somente depois da audiência com o juiz (...) aí pode me chamar que virei aqui para falar e responderei a qualquer pergunta”, afirmou.
Após hora de sessão, a senadora Kátia Abreu (PDS) pediu para encerrar o depoimento de Cachoeira. “Precisamos encerrar essa sessão, que está ficando ridícula, diante desse cidadão que está nos manipulando. Temos de nos preocupar com o que as pessoas estão pensando, nós não vamos dar olho para bandido, sugiro que a sessão seja encerrada. Não vamos fazer papel de bobo com um chefe de quadrilha ali sentado, com essa cara cínica como se nada estivesse acontecendo no mundo”, disse exaltada a senadora.
O relator da CPI, Odair Cunha (PT), disse que há um novo requerimento para ser votado ainda nesta terça-feira (23/05) para convocar Cachoeira após o depoimento à Justiça, que deve acontecer entre 31/05 e 1º/06. Por diversas vezes, o bicheiro disse que está disposto a responder às perguntas da CPI depois de depor ao juiz do processo contra ele.
“Tanto do ponto de vista do doutor Márcio Thomaz Bastos, como do acusado, há uma disposição verbalizada de cooperar com os trabalhos da comissão. Espero que essa contribuição aconteça com o fim do processo", declarou o relator.
O senador Álvaro Dias (PSDB) se disse preocupado com a imagem que os senadores e deputados poderiam passar ao terem suas perguntas ignoradas pelo depoente. Não imaginamos que imagem estamos passando para a população. Que estamos aqui diante de um marginal, que sai da Papuda para vir para cá e mantém-se com a arrogância dos livres. Não creio que devemos continuar com esse depoimento. Da minha parte, formulei algumas perguntas, mas as reservarei para outra oportunidade. Não farei indagação alguma, porque respostas não há", disparou.
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