A situação do prefeito de São Francisco de Itabapoana, Beto Azevedo, se agrava a cada dia. O ex-secretário de Saúde do município, Cristiano Salles Rodrigues, confirmou à Polícia Federal (PF) todo o esquema da organização criminosa instalada na pasta.
O médico declarou que ele não participava do esquema das fraudes nas requisições dos exames, mas confirmou que tudo o que foi apurado pela PF acontecia e que o rombo deve ser muito maior dos que os R$ 3,5 milhões estimados pelas investigações. Perito da Previdência Social, Cristiano se afastou do epicentro da crise e acertou sua transferência para Goiás
A Comissão Processante (CP) instalada na Câmara Municipal para apurar as fraudes em verbas do SUS tem munição guardada para afastar Beto em definitivo. Ainda esta semana, o presidente da CP, vereador Fábinho do Estaleiro, enceminhará um oficio à Polícia Federal solicitando as informações prestadas nos depoimentos de Cristiano, entre outros envolvidos no esquema.
A Comissão Processante ainda não encontrou o prefeito para notificá-lo. De acordo com Fabinho, a situação na prefeitura é de paralisia. “O município está parado, com um prefeito que não vai ao seu gabinete, talvez com medo de ser preso, e ainda sem secretários em pastas importantes como a Saúde e a Educação”, afirmou.
Na Saúde, depois da saída de três secretários em razão das denúncias, nenhum outro chegou a ocupar a pasta. O dentista Fauaze Cherene chegou a ser anunciado como secretário, mas não aceitou a nomeação. Na Educação, a secretária Iara Cinthia não retornou depois de exonerada no curto período do prefeito interino Frederico Barbosa Lemos. Até porque ela é candidata a vereadora e, pela lei eleitoral, não poderá continuar à frente da secretaria.
O inquérito foi instaurado pela Polícia Federal em Campos para apurar o superfaturamento de quase cinco vezes o total de exames pagos pelo SUS. Segundo as investigações, a Clínica Fênix declarava mais exames do que os realizados, e o prefeito e os secretários pagavam por serviços não comprovados. São investigados os crimes de peculato (desvio de verbas públicas por servidor), corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.
“O pagamento por exames jamais feitos evidencia uma escancarada sangria de recursos públicos em proveito de um pequeno grupo. Daí não se estranhar que o SUS tenha detectado a ausência óbvia de identificação dos exames e respectivos pacientes informados pela Clínica Fênix, posto que eles não existem”, afirmou a procuradora regional da República, Cristina Romanó, responsável pelo inquérito.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) local sobre desvios na saúde constatou que, num mês, a Clínica Fênix apresentou uma fatura relativa a 35 mil exames (o município tem cerca de 40 mil habitantes). Já um relatório do Ministério da Saúde, que colabora na apuração da fraude, aponta um aumento vertiginoso dos exames contratados pela prefeitura após a habilitação da Clínica Fênix junto ao SUS. Desde então, a despesa com esses exames teve um aumento injustificado de 513,7%.
Fonte: O Diário
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