As relações do governador do Estado Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), com o empresário Fernando Cavendish, proprietário da Construtora Delta, podem lhe custar muito caro. A intimidade do governador com Cavendish, que tem conta bilionária em obras através de contratos com o Governo do Estado foi revelada pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR), em fotos e vídeos em seu blog, e adquiriu repercussão na mídia nacional. A TV Globo, os jornais O Globo, O Extra e O Dia e ainda a Folha de São Paulo, entre outros, repercutiram o escândalo. Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo Ramos (PDT) disse que irá propor a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e, caso não consiga maioria de votos, irá à Justiça, se preciso.
No vídeo, aparecem sentados à mesa num restaurante de luxo no Hotel Hitz (ainda não se confirmou se em Paris ou no principado de Mônaco) os casais Sérgio Cabral, Sérgio Cortes (secretário estadual de Saúde) e Cavendish, além de outro casal de amigos. Cabral insiste para Cavendish marcar logo o casamento com Jordana, sua mulher que viria a morrer no trágico acidente de helicóptero na Bahia. “Em clima de galhofa, eles chegam a discutir uma data que permitisse após as bodas irem todos para Mangaratiba, onde Cabral e Cavendish têm mansões vizinhas no condomínio Portobelo. Cabral solta gargalhadas. Dá para imaginar pelo luxo do ambiente, que uma refeição para oito pessoas regada a vinhos caros e champanhe não custa menos de R$ 5 mil. Esse é o governador que nega comida aos trabalhadores nos restaurantes populares, mas que esbanja dinheiro mundo afora zombando da cara do nosso povo”, disparou Garotinho.
Auditoria para investigar a Delta é desqualificada por deputado
O deputado Paulo Ramos desqualificou a decisão anunciada pelo chefe de Gabinete de Cabral, Régis Fitchner, na semana passada, de uma auditoria do governo estadual nos contratos da Delta. “Não dá para acreditar numa auditoria com essas pessoas ligadas ao governador e a todos esses lamentáveis episódios”, acrescentou, referindo-se à foto de Fitchner ao lado do empresário Cavendish e do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, em Paris.
A auditoria “faz-de-conta” para investigar a montanha de licitações que beneficiaram a Delta Construções terá sérias dificuldades para justificar o crescimento de 533% registrado pela empresa no Estado do Rio desde a posse de Sérgio Cabral no primeiro mandato.
Em nota, o governo do Rio afirmou que as fotos se referem à participação do governador em 2009, no lançamento do “Guia Verde Michelin Rio de Janeiro”, na Embaixada do Brasil em Paris, encontros de trabalho para a então campanha pelas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e à palestra na Câmara de Comércio Brasil-França para investidores franceses.
Deputado Garotinho acredita que Cabral não tem como escapar
Garotinho declarou que o governador Sérgio Cabral não tem como escapar das evidências. “As fotos mostram tudo. Cabral mentiu na sua nota oficial de ontem, quando mandou dizer que foi a Paris numa missão oficial da qual Fernando Cavendish não fazia parte, apenas para um encontro do Guia Michelin e para receber uma homenagem de um barão francês. As imagens não mentem”, concluiu.
A Delta também se apressou em emitir sua nota oficial, onde afirma que as fotos foram tiradas em confraternização e que foram feitas em momentos de “descontração entre empresários e algumas pessoas que ocupam postos públicos e têm convívio social”.
Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” publicada em 19 de abril, Cavendish afirmou ser amigo do governador Cabral. “Eu admiro ele [Cabral] como governante, amigo, pai, filho, irmão. É um puta sujeito. No acidente de helicóptero em quem morreram as pessoas que eu mais amo eu estava com ele.”
Cavendish se referia ao acidente de helicóptero no qual morreram a esposa Jordana e o filho do empresário, além da namorada de um dos filhos de Sérgio Cabral. Os dois participavam de uma festa em Trancoso, no sul do Estado da Bahia.
Parlamentar favorável a investigação
A Delta, que tem também diversos contratos com o Governo Federal, é investigada pela Polícia Federal (PF) em razão do suposto repasse de dinheiro para empresas fantasmas que alimentariam o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela PF em fevereiro na Operação Monte Carlo e acusado de comandar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal. A situação de Cabral pode ter consequências políticas graves. O fato deve ter repercussão na sessão de quarta, na Alerj, onde Paulo Ramos, afirma que as imagens reforçam a necessidade de uma CPI. “Caso seja preciso entrarei com ação na Justiça para instaurar a CPI. Não é possível que outros deputados não se sensibilizem diante desta série de coisas acintosas que ocorrem no Rio essa relação de promiscuidade entre público e privado”, ressaltou.
Fonte: O Diario
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