A Polícia Federal (PF) continua com os trabalhos que visam investigar fraude com recursos federais do Sistema Único de Saúde (SUS) no município de São Francisco de Itabapoana em um esquema que teria desviado cerca de R$ 2,5 milhões dos cofres públicos para a realização de exames que nunca foram feitos pela Clínica Fênix. Vários titulares de cartões bancários encontrados no apartamento do prefeito Beto Azevedo, em Campos e em seu Gabinete no momento em que a operação Renascer foi deflagrada, no dia 29 de março, foram intimados e estão prestando depoimentos nesta semana. Alguns, segundo a PF, já foram identificados como servidores públicos da Prefeitura de São Francisco.
De acordo com o delegado da PF em Campos, Paulo Cassiano, as investigações avançam e já foram constatados novos fatos, além dos já revelados quando a Operação Renascer foi deflagrada, resultando na prisão do prefeito Beto Azevedo Azevedo (PMDB); o então secretário municipal de Saúde, Cristiano Salles Rodrigues; o ex-secretário da mesma pasta, Fabiano Córdoba Guimarães; o ex-diretor e sócio da clínica Fênix, Fabel dos Santos Silva e sua esposa e sócia, Juliana de Souza Meireles.
O delegado não quis revelar detalhes sobre os novos fatos que surgiram após as prisões, mas declarou que não se pode afirmar que os mais de 50 cartões apreendidos são todos de servidores. Sobre os motivos pelos quais os cartões estavam em poder do prefeito, o delegado foi claro: “Logo que encerrarmos todos os trabalhos, tudo será revelado à imprensa para que a população tenha acesso às informações. Os trabalhos estão andando bem; o inquérito cresceu muito, mas não vou falar antes da conclusão do inquérito”, posicionou-se.
A operação - A Operação Renascer teve início às 6h do dia 29 do mês passado e resultou no cumprimento de cinco mandatos de prisão e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Desembargador federal do Tribunal Regional Messod Azulay, da Segunda Turma Especializada do TRF-2 (Tribunal Regional Federal, Segunda Região), no Rio de Janeiro. Beto Azevedo foi preso em seu apartamento no edifício Luxor, no bairro de classe média alta em Campos e ficou cinco dias em Bangu 8, no Rio de Janeiro.
Segundo as investigações, a Clínica Fênix declarava mais exames do que os realizados e o prefeito Beto Azevedo e os então secretários municipais pagavam por serviços não comprovados. A apuração trata da prática dos crimes de peculato (desvio de verbas públicas por servidor), corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha, conforme consta no inquérito 20120201000818-2 da PF em Campos. “O pagamento por exames jamais feitos evidencia uma escancarada sangria de recursos públicos em proveito de um pequeno grupo”, afirmou a procuradora regional da República Cristina Romanó, uma das responsáveis pelo Inquérito junto ao TRF da 2ª Região. “Daí não se estranhar que o SUS tenha detectado a ausência óbvia de identificação dos exames e respectivos pacientes informados pela Clínica Fênix, posto que eles não existem”, observou Romanó.
Fonte: O Diário
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