O lobista é apontado como elo de ligação entre políticos e empresários réus em processos judiciais e o desembargador Wider. Durante um ano, a CPI investigou as ações de Eduardo junto ao Judiciário fluminense.
Uma das descobertas da CPI foi a nomeação de advogados do escritório do lobista como titulares dos cartórios do 11º Ofício de Notas da capital e do 6º Ofício da Justiça de São Gonçalo.
O desembargador Wider presidiu o TRE-RJ de 2006 a 2008, período no qual lançou uma campanha sem tréguas contra os chamados candidatos de ficha suja. Ao mesmo tempo, Raschkovsky procurava esses mesmos políticos, ameaçados de exclusão do processo, para oferecer-lhes proteção. As evidências são tantas que o desembargador admitiu que tinha uma relação social com o lobista, estreitada pela admiração de ambos pela degustação de vinhos.
A CPI também investigou as relações do lobista com os desembargadores Carpena Amorim, Alberto Motta Moraes e Sérgio Cavalieri, entre outros magistrados.
A Juíza Márcia Cunha acusou o lobista de tentar corrompê-la para favorecer o grupo Opportunity.
Além da CPI, o Conselho Nacional de Justiça decidiu abrir um processo disciplinar contra Roberto Wider, motivo pelo qual o desembargador está afastado de suas funções.
No relatório final, a CPI da Alerj aponta os movimentos de Raschkovsky em alguns cartórios extrajudiciais do Rio como a mais sólida prova do tráfico de influência. Após contemplar dois advogados do lobista com cartórios, Wider, como corregedor, determinou no ano passado uma devassa no 15º Ofício de Notas, que recusava-se a saldar uma suposta dívida cobrada por Raschkovsky.
O desembargador também removeu um obstáculo jurídico que impedia a venda de um clube da Barra da Tijuca, posteriormente transformado em condomínio residencial. Provas documentais revelaram que Wider era cotista de outro clube comprado pelo mesmo grupo, além de ter adquirido um imóvel “a preço vil” dos mesmos empresários.
Na CPI – além de Corrêa, os deputados Paulo Ramos (PDT), Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e Gilberto Palmares (PT) – encontraram dificuldade para oficializar os depoimentos ouvidos de políticos, que contaram ter sofrido assédio de Raschkovsky. De todos, a única a concordar com a formalização do testemunho foi a ex-prefeita de Magé Núbia Cozzolino, que afirmou ser vítima de “exploração de prestígio” ao ser obrigada a contratar um advogado ligado ao desembargador Alberto Motta Moraes, na época presidente do TRE e relator de um processo que ameaçava o seu afastamento do cargo.
Motta Moraes é suspeito também de envolvimento com banqueiros do jogo do bicho, que teriam patrocinado uma festa do TRE.
No plenário, deputados da Alerj aprovaram o envio do relatório final à Polícia Federal, ao Ministério Público do Rio de Janeiro e ao Conselho Nacional de Justiça.
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