A possibilidade de retomada nas obras da ponte João Figueiredo, ligando São João da Barra e São Francisco do Itabapoana, pode tirar do isolamento duas localidades: Campo Novo e Cacimbas do lado esquerdo do Rio Paraíba do Sul. Com a economia dos dois distritos sanfranciscanos voltada para a pesca, as duas comunidades contam aproximadamente com 1.500 moradores, onde o povo do “sertão” vive sem sentir as horas, o futuro já se desenha no mesmo ritmo do crescimento que vem sendo percebido no interior do Norte Fluminense. O município já debruça em estudo para a criação de um distrito industrial, em área a ser desapropriada, inicialmente, de 500 mil metros quadrados, para atender a demanda do Complexo Portuário do Porto do Açu, já que com a ponte, a distância entre os dois municípios “irmãos” será de 15 quilômetros .
A população de Campo Novo e Cacimbas está preparada? A resposta vem dos próprios moradores. “Estamos abandonados aqui. A vontade é que Campos pegasse a localidade por ser mais próximo. Só somos lembrados em época de eleição. Na única urna de Campo Novo são 800 eleitores”, disse o comerciante José Francisco da Conceição, 50 anos, que ainda usa a “caderneta” para anotar as vendas no “fiado”, à prazo. Ele não sabe o que é um “Complexo Industrial”, mas cobra a reforma do colégio Manoel Gomes do Nascimento, há quatro anos fechado, obrigando os alunos da localidade a se deslocarem em ônibus da prefeitura até Muritiba, outra localidade a 10 quilômetros . Ele também pede uma ambulância, já que a população conta com um posto de saúde, que passa por obra, mas funciona regularmente, inclusive, com a presença de um médico, uma vez por semana.
Em Cacimbas, a situação não é diferente de Campo Novo. O também comerciante e pescador, José Luiz Irias de Almeida, 53 anos, disse ter medo do progresso. “A gente quer sempre o melhor, mas ao mesmo tempo, no meu caso tenho medo do que esse progresso possa trazer junto. Não temos violência, não temos tráfico, nasci aqui, mas se esse desenvolvimento chegar a Cacimbas eu não fico”, disse o homem acostumado a tirar o sustento do que vende em seu estabelecimento, o maior da localidade, e das águas do Rio Paraíba do Sul. Na semana passada, o prefeito de São Francisco do Itabapoana, Beto Azevedo, esteve em Campo Novo e prometeu a entrega da obra da escola e também a de Cacimbas, fechada há dois anos, para 2012.
Inacaba – Há pelo menos 30 anos, os dois municípios aguardam pela conclusão da ponte, que será ainda uma alternativa de tráfego à BR-101, a partir da integração do novo anel rodoviário à Rodovia do Sol, no Sul do Espírito Santo, por meio da RJ-194. A idéia de se construir uma ligação entre as regiões sul e norte do Rio Paraíba do Sul surgiu durante o governo militar. As obras começaram na década de 80, mas foram interrompidas assim que os pilares, 18 ao todo, foram colocados. A estrutura mede 882 metros de comprimento e 14 por largura.
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