Pesquisa aponta que 8% de grandes empresas já dispensaram seus funcionários por esse motivo
A demissão de funcionários por conta do que disseram em redes sociais é um tema tão recorrente que virou até uma comunidade no Facebook (“Fired by Facebook”, demitido pelo Facebook, em inglês).Foto: Divulgação
Marcelo Miyashita: o profissional precisa compreender que nas redes não há a relação vida particular versus vida profissional
No ano passado, alguns casos emblemáticos no Brasil foram exemplo da influência dessas mídias no trabalho: um jornalista da revista National Geographic foi demitido após escrever em seu Twitter comentários ofensivos sobre outra revista publicada pela mesma editora; um diretor foi dispensado por ofender um time de futebol que a empresa havia patrocinado; e uma funcionária do Supremo Tribunal Federal (STF) foi transferida depois de escrever que o presidente do Senado deveria fazer como Ronaldo Fenômeno e “pendurar as chuteiras”.
A demissão, nesses casos, pode ser feita por justa causa, segundo o advogado trabalhista Marcos Alencar, do Dejure Advogados, de Pernambuco. “A empresa pode alegar quebra de respeito, confiança e até insubordinação e aplicar o artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).”
Caiu na rede
Para Marcelo Miyashita, palestrante da Miyashita Consulting e professor de marketing em cursos de pós-graduação e MBA, o profissional precisa compreender que nas redes não há a relação vida particular versus vida profissional. “Quem mantém perfil público nas redes sociais, implicitamente, decidiu tornar um lado da sua vida público. E esse lado precisa estar em sintonia com a percepção que o profissional quer que outros tenham sobre ele, seu perfil e sua carreira”, explica.
Miyashita diz ainda que a vida pública é exposta em perfis pelas redes sociais, em publicações em blogs, sites e também dentro das próprias redes, por comentários postados em qualquer local que possa ser indexado por uma ferramenta de busca. “O Google e as ferramentas internas de busca de cada rede social formam o ‘grande irmão’. Logo, é preciso compreender que estamos, sim, formando imagens a nosso respeito a partir do momento que tudo que publicamos pode ser rastreado.”
Bom senso
Cesar Palmieri, diretor de Talentos e Equilíbrio do Grupo i9, empresa de TI, afirma que as redes sociais têm um peso maior se comparado às famosas conversas de corredor, uma vez que as informações estão escritas e disponíveis para todos, dentro e fora da empresa. Portanto, para evitar um mal-estar, a solução é ter bom senso. “Todos devem adotar uma postura ética, responsável e prezar pelos relacionamentos, ou seja, são os mesmos cuidados que se deve ter ao enviar um e-mail, criar um site pessoal ou escrever uma carta.”
Além dos cuidados com o que escrevem, os profissionais podem usar ferramentas que reforcem a privacidade de seus perfis. Miyashita recomenda, por exemplo, que se registre o nome no Google Alerts. “O sistema envia automaticamente e na periodicidade que definir relatórios apresentando o que foi indexado pelo Google em determinado período. Dá para programar envios em tempo real para ser avisado assim que o seu nome foi indexado”, explica.
Aprender a utilizar a proteção que as próprias redes sociais oferecem também é uma alternativa. Mas é preciso preocupar-se com o que os outros que têm acesso ao perfil podem replicar. “De qualquer forma, mesmo entre amigos também formamos imagens e devemos nos preocupar com isso. E equalizar uma imagem do ‘eu pessoal’ com o do ‘eu profissional’ é um desafio, mas, de certa forma, é o que todos estão buscando: a identidade e sua marca pessoal”, conclui Miyashita.
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